quinta-feira, 4 de abril de 2013

Excelente artigo postado no site da prefeitura de Palhoça/SC

GOVERNO FEDERAL DIVULGA PESQUISA SOBRE ARMAS PARA ESCONDER A REALIDADE
03/04/2013 - 17h04

O armamento que mata mais de 50 mil pessoas por ano, geralmente, é resultado do contrabando ilegal
O Governo Federal está alardeando, com o maior entusiasmo possível, a queda na venda de armas de fogo, no Brasil. Até parece galinha garnisé, na cantoria, após se arrebentar toda para botar o primeiro ovo.

Toda essa euforia está baseada numa pesquisa do Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. O estudo, apresentado numa data bastante apropriada, primeiro de abril, relata que “após o Estatuto do Desarmamento, sancionado em dezembro de 2003, a proporção de pessoas que compram armas de fogo caiu 40,6% no Brasil”. São “cálculos inéditos” do ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), da Presidência da República, e presidente do Ipea, Marcelo Neri.

O Ipea está confirmando o óbvio. É claro que esse resultado já era esperado. Até se esperava uma queda bem maior. Devemos levar em consideração as dificuldades impostas pela Polícia Federal, a quem deseja adquirir uma arma. O pretendente à aquisição é tratado como bandido. Um erro do Governo Federal, que deveria facilitar a legalização das armas.

Por tudo isso, não vejo como se fazer uma leitura positiva desses números. Principalmente, porque as armas legais, registradas, cadastradas, catalogadas, envelhecem, enferrujam, oxidam, mas dificilmente guardam resíduos de sangue humano, ou de outra espécie animal. As armas legalizadas não fazem parte da trágica estatística, que aponta uma matança de muito mais de 50 mil vítimas, em média, a cada ano, no Brasil. É a maior carnificina do mundo. Nenhuma guerra fez ou faz tantas vítimas.

A estatística é mais vergonhosa do que se pode imaginar. Entre 2004 e 2007, morreram mais pessoas assassinadas, no Brasil, do que nos embates envolvendo israelenses e palestinos. Nem mesmo a guerra do Iraque matou tanto. A rebelião na Síria provocou a morte de 70 mil pessoas, em dois anos. No mesmo período, foram bem mais de 100 mil assassinatos, nas terras brasileiras. Que vergonha! O país do povo desarmado registrou 583.324 homicídios em dez anos – de 2000 a 2010. Essa estatística o Governo Federal faz questão de esconder.

Esse é o problema. A população está desarmada. Quem entregou arma, ou não possui nenhum tipo de armamento, está desarmado, obviamente. Mas, o proprietário de uma arma de fogo também está desarmado. É refém dos rigores do estatuto do desarmamento. Não pode utilizar a arma, para se defender dos bandidos.

Somente os mais ingênuos – que se deixam guiar pelas manchetes dos telejornais, geralmente elaboradas em palácios e repassadas às redações de grandes grupos de comunicação – serão capazes de festejar a estatística do Ipea.

Vale ressaltar a ligação entre as grandes redes de televisão e o Governo Federal. É como um cordão umbilical, unindo, perigosamente, a entidade concedente (Governo) e beneficiários de concessões de televisão. Além disso, devemos prestar atenção nas campanhas publicitárias milionárias. O Governo Federal, ministérios, bancos estatais, são, a rigor, os maiores anunciantes da televisão brasileira. Patrocinam tudo. Até corrida de pulgas.

Assim, quando o Governo precisa falar ao povo, dizer algo, mesmo que seja uma inverdade doentia, capaz de esconder a realidade, faz uso da mídia eletrônica. Notem que, quando o assunto é de grande interesse do sistema, as manchetes são as mesmas, em todos os telejornais.

Lembro, aqui, de um detalhe. No último canal de televisão aberta, em que trabalhei, como produtor e apresentador de um noticiário sobre segurança, sofri muito com a interferência palaciana. Em muitas ocasiões, minutos antes de entrar no ar, às vezes já no estúdio, era surpreendido por um diretor, que trazia os recados do Governo do Estado de Santa Catarina, ou de algum órgão federal. O senhor diretor, passava mais horas nos palácios, que em sua sala, no Morro da Cruz. A manchete vinha pronta. O texto deveria ser substituído ou alterado, parcialmente. É claro que nunca me submeti a esse tipo de pressão – faço questão de ressaltar. Por isso, sai.

A pesquisa do Ipea trata apenas da queda na aquisição de armas de fogo. Mas não faz referência aos milhares de armas ilegais, fruto do contrabando, que invadem dia e noite o país. Armas que são encontradas a serviço do narcotráfico, do crime organizado, também nas mãos de menores de idade. Inclusive armamento pesado, de uso restrito das Forças Armadas do Brasil ou de outra nação. São essas as armas que provocam toda a matança. Aquelas, legalizadas, invariavelmente, permanecem engavetadas, ou trancafiadas em cofres.

Para encerrar essa argumentação, pretendo lembrar que, enquanto articulava, maliciosamente, para aprovar a campanha do desarmamento, o ex-presidente Lula da Silva, permitia, sutilmente, a abertura das fronteiras. No mesmo período em que os brasileiros se ocupavam com um cansativo debate, que nos conduziu a um plebiscito (que pretendia eliminar, terminantemente, o comércio de armas), as porteiras do país foram escancaradas ao crime organizado, aos contrabandistas de armas. Uma atitude cínica e deliberada de Lula da Silva, que tem ligações pessoais, estranhíssimas, com governantes muito suspeitos, da América do Sul.

Pelas fronteiras, que Lula da Silva permitiu que fossem abertas, passam, escandalosamente, as armas que matam milhares de brasileiros inocentes. Então, não há o que comemorar.

Luiz Carlos Baby Espíndola
Assessoria de Comunicação
Prefeitura de Palhoça

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