domingo, 9 de outubro de 2011

Entrevista: Tim Omar de Lima e Silva

Abrimos o espaço de entrevistas para o Blog do Clube de Tiro .38 com o Dr. Tim Omar de Lima e Silva, Delegado aposentado e fundador da Escola de Tiro .38. 


                                             Dr. Tim Omar de Lima e Silva


Blog CT.38 - Como surgiu a idéia de fundar um Clube de Tiro em Florianópolis?
Dr. Tim - Já existia a Escola de Tiro .38, fundada em 1992. O Clube foi para reunir os aficionados ou mesmo meros admiradores de armas em uma sociedade onde pudéssemos conversar a respeito e congraçar.

Blog CT.38  - Como fundador da Clube de Tiro .38 o senhor tinha contato anteriormente com o Tiro Prático? Ou a fundação do Clube de tiro lhe proporcionou conhecer esse esporte.
Dr. Tim – O CT 38 foi fundado em 2003. Eu já tinha contato com o Tiro Prático desde seu surgimento no Brasil, por volta de 1984.

Blog CT.38 – Como Delegado de Polícia, agora aposentado, o senhor ainda mantém proximidade com a Polícia Civil?
Dr. Tim – Apesar de contar com muitos amigos, de Investigadores aos Delegados, procuro não interferir no trabalho deles, logo, não tenho proximidade com a Instituição.

                            Dr. Tim na prova de Tiro Prático em Itajaí em 2011


Blog CT.38 – Em sua opinião, como você vê hoje em dia a Polícia Civil ou mesmo a segurança pública comparado com sua época?
Dr. Tim – O Delegado de Polícia antes da nova Constituição tinha mais poder, ou seja: iniciava a ação penal com o Processo Sumário, nos casos de acidentes de trânsito e contravenções penais; expedia mandado de busca e apreensão (agilizando sobremaneira a ação policial) e não tínhamos o famigerado Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Hoje a atividade policial está muito difícil. Criminosos menores de 18 anos, armados, ceifam vidas na certeza da impunidade, pois o Estado não tem um local para segregar esta escória social. Por outro lado urge uma modificação estrutural, para melhor aproveitamento dos policiais civis e melhor resultado de seu trabalho. Na verdade notamos falta de vontade política e coragem de administradores para uma ação efetiva na segurança pública.

Blog CT.38  – Partindo para uma pergunta um pouco emocional, olhando pelo “retrovisor”, na condição de fundador da Escola de Tiro .38, relembrando as dificuldades encontradas ao longo dos 20 anos, o que o senhor pode nos contar?
Dr. Tim – Lá em casa gostamos de várias coisas que são objeto de preconceito forte em nosso país. Temos uma cadela da raça Pittbul, um filho que é professor de jiu jitsu brasileiro e algumas armas. Então, o cão, segundo vários segmentos da mídia é fera a ser severamente combatida (quando na verdade esta raça de cachorro está em 20° lugar entre as mais ferozes!); a arte marcial serve para jovens se agredirem e armas para matar! Pode-se ter uma idéia quanta dificuldade continuamos passando para explicar às pessoas que existe outro ponto de vista a ser considerado. O Pittbul não é fera incontrolável, o JJB é, já há algum tempo, a arte marcial mais respeitada e admirada no mundo e que armas servem para muitas atividades, inclusive defesa pessoal salvando vidas (existe uma expressão que usamos com freqüência: não atiramos para matar, mas sim para continuarmos vivos!).

Blog CT.38  – Sou testemunha de seu entusiasmo – apesar de tantas dificuldades que os atiradores desportistas enfrentam – em ver sua participação assídua nos Campeonatos, inclusive sempre acompanhado de sua esposa dona Gemma. Você acha que além da paixão pelas armas e pelo esporte, o apoio familiar é importante para se manter na ativa?
Dr. Tim – O apoio familiar é muito importante sim. Fiz curso de Tiro Esportivo em 1984, com um professor alemão. Ele dizia: “Você gosta de atirar e sua namorada não, troque de namorada!”

                        Dr. Tim na prova de Tiro Prático em Florianópolis em 2007

Blog CT.38  – O país sempre discriminou o esporte do tiro, porém nossa primeira medalha Olímpica de Ouro foi no Tiro, com Guilherme Paraense no ano de 1920. O que o senhor atribui tanta discriminação para com o Tiro Esportivo?
Dr. Tim – Sim, há muita discriminação referente às armas em nosso país. Mesmo sendo oficial do Exército Guilherme Paraense não teve quase nenhum apoio em sua heróica empreitada até a cidade de Antuèrpia, na Bélgica, onde venceu o Campeão Americano e Mundial da época!
Todos nós sabemos a importância de uma medalha Olímpica e para reforçar lembramos que o Brasil é pentacampeão no futebol pela FIFA, mas nunca foi Campeão Olímpico, apesar dos milhões de dólares gasto pela Seleção, em seu preparo e mordomias!
Por outro lado o esporte do tiro, no Brasil, é regulamentado e fiscalizado pelo Exército, que por sua vez deveria considerar o Atirador, o Colecionador e o Caçador como reservas das Forças Armadas, assim como os pilotos privados o são, não criando óbices e empecilhos ao desenvolvimento de suas atividades, como o fazem habitualmente. O interessante é que na época do governo militar bastava a feitura de um ato institucional proibindo o uso e a posse de armas de fogo e pronto, elas seriam tornadas ilegais e banidas, mas isso nunca foi cogitado.
Agora, o governo incapaz de combater a criminalidade que grassa no país, continua a insistir em desarmar o cidadão (desrespeitando a vontade popular, manifestada no referendo de 2005), tanto no exercício da legítima defesa, quanto na prática do esporte do tiro. Para termos uma idéia do arbítrio dos oficiais responsáveis pelo SFPC (órgão de fiscalização de produtos controlados) citamos a recente proibição do uso de carabinas calibre .22, na Schützenfest, festa realizada há vários anos, em Jaraguá do Sul, com participação maciça do povo, por quem não é inscrito como atirador no Exército!
Como escreveu Bene Barbosa, do Movimento Viva Brasil: “Isso mesmo! Algum burocrata atrás de uma mesa, com menos idade que a maioria das armas presentes nessa festa, alinhado com as Políticas Nacionais de Desarmamento instituídas pelo Governo Federal, resolveu que aquele senhor alemão de 86 anos, com sua Geco ou Walther de décadas de fabricação e milhares de tiros, não pode mais participar da festa sem ter o crivo do “carimbador maluco” - como diria Raul Seixas – do Governo Federal.”

Blog CT.38  – Agradeço a sua participação abrindo o espaço de entrevistas do Blog do Clube de Tiro .38 e pergunto se gostaria de deixar uma mensagem aos sócios ou visitantes do Clube?
Dr. Tim – Nos Estados Unidos existe uma entidade integrada por milhões de associados, conhecida internacionalmente, chamada NRA (National Rifle Association) muito forte financeiramente, por sua credibilidade e pela produção de editoriais que são publicados na mídia, sempre que julgados de interesse e que defendem o direito do norte americano de ter e usar armas de fogo.
Os brasileiros precisam fortalecer uma organização existente aqui, chamada Movimento Viva Brasil (MVB), citado na resposta anterior, criada pelo estudioso e incansável guerreiro (posso afirmar que sem sua liderança e trabalho não teríamos mais acesso às armas no Brasil!), Bene Barbosa! Ao nos filiar e contribuir maciçamente estaremos construindo, quem sabe, uma instituição tão poderosa quanto a NRA (gostaram do otimismo?), que irá garantir a nós e aos nossos descendentes o direito de ter e usar, de forma consciente e responsável as armas de fogo!
Obrigado pela oportunidade!

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